Assaltante morto pela Brigada no bairro Ideal usava tornozeleira eletrônica - Região - Jornal VS

2022-08-13 04:42:05 By : Mr. Tend Manager

Em meio a execuções e tiroteios de uma guerra de facções no bairro Canudos, outras áreas de Novo Hamburgo vêm sofrendo com assaltos praticados por condenados que eram para estar presos. É o caso do arrastão da noite de quarta-feira (10) que resultou na morte de dois ladrões pela Brigada Militar. Um deles tinha longa ficha criminal e estava na chamada prisão domiciliar. Desde fevereiro, usava tornozeleira eletrônica. A comparsa travesti não tinha sido identificada até a noite desta quinta-feira (11). Assaltantes morrem após confronto com a Brigada Militar na Avenida Frederico Linck, no bairro Ideal, em Novo Hamburgo Foto: Igor Müller/GES-Especial Com reduto no Beco da Ceará, um dos maiores e mais antigos pontos de tráfico da cidade, no bairro Rincão, o apenado Gustavo Correia Lopes, 33 anos, foi liberado em janeiro para cumprir o resto de condenações em casa. O benefício judicial determinava que fosse monitorado pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Segundo o órgão, Gustavo recebeu o equipamento em fevereiro e chegou a cometer infrações de perímetro. O curioso é que, até a noite de quinta, já morto, ainda constava no sistema como monitorado. Gustavo Correia Lopes Foto: Reprodução O último arrastão Gustavo saiu com a amiga travesti para assaltar na noite de quarta. Não tirou a tornozeleira. O primeiro ataque foi ao motorista de um Palio branco, na Avenida Nicolau Becker. A dupla tomou o carro da vítima e ainda roubou o celular de um pedestre antes de parar em uma lancheria no bairro Pátria Nova. O dinheiro do caixa e objetos de funcionários e clientes, como celulares e dinheiro, foram levados, por volta das 22h30.

Abordagem com mais de dez tiros foi gravada A Brigada Militar, mobilizada desde as 19h30 pelo tiroteio que deixou um policial civil baleado no bairro Canudos, avistou o Palio roubado parado em sinaleira da Avenida Frederico Linck, no Ideal, e tentou abordar. A informação era de um casal que recém tinha assaltado uma lancheria na Rua Alberto Torres. Conforme o comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar de Novo Hamburgo, tenente-coronel Cilon Freitas da Silva, o Palio tentou escapar de ré e bateu em outra viatura da corporação, que também tentava prender os fugitivos. “Um desceu de arma em punho”, relata o comandante, para o momento dos disparos. O Palio ficou com mais de dez marcas de tiros. O corpo de Gustavo ficou no local. Um revólver calibre 38 foi apreendido com ele. A travesti morreu a caminho do hospital. A abordagem com a bateria de tiros foi gravada pelo funcionário de uma pizzaria. O vídeo viralizou. “Temos que parabenizar a Brigada por ter conseguido neutralizar esses dois bandidos por circunstância da abordagem, em rápida resposta”, declara o delegado Alexandre Quintão, que responde pela 2ª DP de Novo Hamburgo.

“Estou acostumado a roubos, mas não com essa violência” Atendente da lancheria assaltada, um hamburguense de 32 anos conta que já sofreu vários assaltos em outros bares que trabalhou na cidade. “Estou até acostumado. Mas nunca tinha visto um roubo com tanta agressividade. Ele (Gustavo) estava muito violento. A companheira (a travesti) mantinha a calma”, relata. Segundo o funcionário, o casal inicialmente se passou por cliente, em uma mesa na parte externa. “Eles pediram dois xis e um refri.” Quando o garçom se virou e entrou, percebeu que a dupla foi a uma família de nove pessoas de Dois Irmãos, entre crianças e adultos, que comemorava o aniversário de uma idosa. Com um revólver, Gustavo ameaçava as vítimas, enquanto a travesti recolhia objetos. “O garçom me avisou, mas não deu tempo de acionar a segurança. Ele (Gustavo) me deu uma coronhada no ouvido e outra na nuca. Exigia dinheiro. Fiquei com medo que atirasse, pois estava muito agressivo com a arma na minha direção. Passei o dinheiro, enquanto ela (travesti) pedia outas coisas. Roubaram também meu celular e fugiram.” A Brigada recuperou, no Palio, o aparelho do atendente e tudo mais que foi roubado. As vítimas foram restituídas na delegacia. “Não desejo o mal a ninguém, mas a notícia (da morte) traz sensação de alívio, pois esses não vão voltar para nos roubar. Um cara com uma ficha assim nunca viraria um trabalhador.”

Fez família refém e quase matou um PM em 2015 Com antecedentes por homicídio, porte de arma, assaltos de todo tipo e tráfico de drogas, Gustavo foi preso em crime brutal há sete anos em Novo Hamburgo. Ele e um irmão invadiram uma casa na Rua Piauí, no bairro Rincão, fizeram uma família refém e trocaram tiros com brigadianos na noite de 3 de agosto de 2015. “Foram muito violentos. Acho que fraturei o dedo pela força que fizeram ao arrancar a minha aliança”, relatou, na época, a moradora rendida com o marido, que levou coronhadas na cabeça, e um casal de amigos com a filha de 4 anos. Os ladrões foram surpreendidos por brigadianos quando se preparavam para fugir com o Corolla das vítimas carregado de objetos e uma moto. Não se renderam. Chegaram a pegar a criança como escudo. “Escapei por pouco”, contou um soldado, mostrando um tiro dos assaltantes no capô de um Palio da BM. Cercada, a dupla se rendeu após 30 minutos de negociações com os policiais.

Outro roubo a motorista de app acaba em morte Três dias após motorista de aplicativo ser baleado na cabeça por assaltantes, no Jardim Mauá, e ser hospitalizado em estado crítico, outro profissional foi ferido em roubo que começou no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo. Desta vez, o motorista de 33 anos foi violentamente agredido, lutou com o assaltante, conseguiu desarmá-lo e matá-lo, já no bairro Pinheiro, em São Leopoldo. Um comparsa fugiu e uma jovem foi presa em flagrante. O nome do morto e da suspeita não foram informados. O motorista foi hospitalizado, com lesões causadas por faca e martelo, principalmente na cabeça. No caso do Jardim Mauá, o delegado da 3ª DP de Novo Hamburgo, Alexandre Quintão, tenta identificar a dupla que fugiu em um Ford Ka e revela que já tem suspeitos. Também frisa o momento atípico pelo qual passa a cidade. “É um fato que não acontecia há muito tempo.”

Dois são presos após tiros em policial civil No mais recente confronto armado em quatro dias de violência desenfreada no bairro Canudos, dois criminosos foram presos na noite de quarta, no entorno do Residencial Aeroclube, onde um policial civil recém tinha sido baleado. “Foram autuados em flagrante com drogas, mas o delinquente que alvejou nosso agente não foi localizado”, expõe o delegado Alencar Carraro, do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc). Carraro conta que uma equipe do Denarc vinha monitorando os arredores do condomínio, na Rua Bruno Werner Storck, por ser área de domínio da facção Os Manos. Por volta das 19h30, um policial levou um tiro no abdômen e outro na perna. Passou por cirurgia e está fora de perigo. “Continuamos atuando firme na região, com o propósito de seguir com as apreensões e prisões”, frisa o delegado. Segundo a Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, o criminoso que alvejou o agente não está identificado. É o único órgão que não se manifesta sobre a guerra de facções que provocou seis mortes e deixou pelo menos sete feridos a tiros em Canudos desde sábado (6), conforme revelado pelo Jornal NH. Na noite de quinta-feira, com apoio de equipe em helicóptero, a Brigada seguia com “ação de saturação” no bairro e arredores.